Na margem de um lago de águas escuras, certamente muito frias.
Procuro uma maneira de atravessar o lago. Encontro no meio de ramos e folhas um barco, frágil, danificado, quase uma ruína. Cheio de ramos, e pedras, e lixo.
Limpo tudo o que tem dentro até se ver apenas barco.
Mas não tem remos.
Procuro em torno e encontro apenas um dos remos, podre, a ameaçar partir a qualquer instante.
Cheia de coragem empurro o barco para a água.
Pelos pequenos furos no fundo, o líquido frio e cristalino começa lentamente a entrar.
Insisto com o frágil remo, e avanço lentamente em direcção a águas cada vez mais profundas...
É um pouco como o Amor. As pessoas têm feridas, e buracos, e lixo que trouxeram com elas, de relações anteriores, não são perfeitas, não somos o seu primeiro amor.
Têm problemas, e medo, e estão frágeis. Mas mesmo assim conseguimos ver para lá disso,insistimos, limpamos, tiramos os escolhos, tapamos os buracos e avançamos para o meio do lago.
O fim da história, se conseguimos atravessar o lago ou se afundamos lentamente nas águas gélidas...?? Isso... cada travessia tem uma história diferente.