Wednesday, November 22, 2006
Monday, November 20, 2006
O momento antes de um beijo
É mágico...
Os olhos fixam-se, por um instante...fixam-se como se fixaram tantas outras vezes, a rir, a chorar, a falar, em silêncio, mas fixam-se e naquele instante sabemos, sentimos o que vai acontecer...
O coração fala.
Os corações falam, olhos nos olhos, os lábios afastam-se, em antecipação, as mãos fecham-se, nervosas; os rostos aproximam-se, o olhar quebra-se, menos um pouco, menos um pouco, a distância que separa diminiu, os olhos fecham-se...e abrem-se agora de novo, muito perto daquele outro rosto, muito perto daqueles outros lábios....a cabeça inclina-se...
...o coração transborda. As mãos encontram-se.
Os olhos abrem-se, naquele último segundo, a procurar a certeza nos outros olhos.
Os lábios tocam-se.
E mais.
A pele encontra-se. As línguas procuram-se. O sabor flui, o sabor estranho, novo, diferente, que queremos habitual.
E acontece. O Beijo.
It's magic...
The eyes lock, for a moment... they meet just as they have so many times, smiling,crying, speaking,silent, they lock and on that moment we know, we feel, what is about to happen...
The heart speaks.
The hearts speak, eye to eye, the lips part, in anticipation, the hands close, nervous; the faces draw closer, the gaze breaks, a little less, and then a little less, the distance between grows smaller, the eyes close...they open, again, so close to that other face, so close to those other lips...the head tilts......the heart spills.
Hands meet.The eyes open, on that last second, looking for reasurance on the other eyes.Lips touch.
And more.
Skin meets.
The tongues reach out. The flavour flows, the odd flavour, new, different, that we want to make usual.
And it happens. The Kiss.
Friday, November 10, 2006
Wednesday, November 08, 2006
Sunday, November 05, 2006
Acaso
A indecisão durou algumas horas.
Quando estou irrequieta, tenho uma necessidade de movimento contínuo, que me impeça de estar no mesmo lugar; suponho que o facto de o cenário à minha volta estar permanentemente a mudar me distraia.
Por isso pensei em viajar, talvez meter-me no comboio, ir até Valença e voltar, talvez Espinho e um passeio à beira-mar.
Cheguei a São Bento e abri o menu; não me tinha lembrado de Guimarães, talvez fosse boa aposta.
Um acaso - ou não - fez-me enganar a olhar para o relógio e pensar que já só tinha comboio dali a duas horas.
Então parti, a pé, de máquina em punho, e talvez pela disposição, ou talvez por mais um acaso, chamaram-me a atenção coisas em que nunca tinha reparado, primeiro uma, depois outra, que fui seguindo como um trilho de pistas na cidade - um trilho de coisas nunca vistas, por mim, que pensava que tinha a cidade toda descoberta.
Dei por mim à beira-rio, e não me lembro nunca de um Porto tão perfeito: a temperatura, a luz, a cor do rio, os barcos, muitos, alinhados no cais de Gaia, as nuvens que complementavam o cenário adornando o céu de uma forma graciosa.
Sentei-me na margem - a ver mover, em vez de me mover eu; a tentar pôr em prática o segredo que descobri para ser feliz.
Neste dia de uma beleza rara, faltava só ter com quem partilhar as vistas, as recordações; faltava ter com quem dividir os olhares antigos das velhinhas que assomavam às portas de ruas estreitas, a recolher o raro sol, e que sorriam a quem sorria para elas; faltava ter a quem mostrar as cores, os prédios renascidos com floreiras nas janelas, a forma rara como a luz se escoa por entre as nuvens, por aqui e não por ali, deixando passar o olhar de um deus que brinca às escondidas com o mundo, transformando em menino por dias como este.
Atrás de mim um restaurante decidiu que a banda sonora para os tons de prata do rio seria António Variações; também ele sofria de inquietude, como o rio - e como eu - e mais uma vez, o acaso adicionou à beleza do dia.
As caves, centenárias, olham para mim do outro lado das águas - turvas, mas enganadoramente brilhantes, como tantas vezes a nossa alma; os barcos repousam.
Continuo sem respostas.
Talvez não seja por acaso.
Tenho, talvez, demasiada poesia dentro de mim; e a vida não é poética.
The indecision lasted for a couple of hours.When I'm restless, I feel a need for continuous movement, one that will keep me from being in the same place; I suppose that the ever changing scenery keeps my mind distracted.So, I thought of travelling, perhaps jumping on a train, going to Valença and back, perhaps Espinho and a walk by the seaside.I got to São Bento and opened the time-schedule like a menu; I hadn't thought of Guimarães, but perhaps it would be a good choice.Chance - or not - decided I was to make a mistake looking at the watch, which made me think I only had a train two hours from then.So I followed, on foot, camera in hand; and perhaps it was the mood I was in, or perhaps it was Chance, once again; but my atention was drawn to things I never noticed before, first one, and then another, things I followed like a trail of clues across the town - a trail of never before seen things, never before seen by me, I, who thought I had the town all figured out.I found myself by the river, and I can't recall another time when Porto was so perfect: the temperature, the light, the colour of the river, the boats, lots of them, lined up along the piers of Gaia, the clouds that complimented the scenery, colouring the sky in a graceful manner.I sat on the bench - watching the movements, instead of moving myself; trying to use the secret I learned to be happy.In this day of such a rare beauty, I lacked only someone with whom to share the sights, the memories; I lacked someone with whom to share the ancient eyes of the old ladies peering through doors on narrow streets, harvesting the rare sun, smiling at those who smiled at them; I lacked someone whom to show the colours, the reborn buildings with flowers on the windows, the exquisite way in which the light pours from among the clouds, through here and not through there, letting through the eyes of a god who plays hide and seek with the world, nothing more than a little boy, in days like these.Behind me, a restaurant decided the soundtrack for the silvery tones of the river was to be António Variações; he too suffered of restlessness, like the river - like myself - and, once again, Chance added to the beauty of the day.The wine cellars, centuries old, looked at me from across the waters - dark, but deceivingly bright, like our soul so often is; the boats rest.I'm still out of answers.Perhaps it's not by Chance.
It could be that I have just too much poetry inside of me; and life...is not poetic.
Quando estou irrequieta, tenho uma necessidade de movimento contínuo, que me impeça de estar no mesmo lugar; suponho que o facto de o cenário à minha volta estar permanentemente a mudar me distraia.
Por isso pensei em viajar, talvez meter-me no comboio, ir até Valença e voltar, talvez Espinho e um passeio à beira-mar.
Cheguei a São Bento e abri o menu; não me tinha lembrado de Guimarães, talvez fosse boa aposta.
Um acaso - ou não - fez-me enganar a olhar para o relógio e pensar que já só tinha comboio dali a duas horas.
Então parti, a pé, de máquina em punho, e talvez pela disposição, ou talvez por mais um acaso, chamaram-me a atenção coisas em que nunca tinha reparado, primeiro uma, depois outra, que fui seguindo como um trilho de pistas na cidade - um trilho de coisas nunca vistas, por mim, que pensava que tinha a cidade toda descoberta.
Dei por mim à beira-rio, e não me lembro nunca de um Porto tão perfeito: a temperatura, a luz, a cor do rio, os barcos, muitos, alinhados no cais de Gaia, as nuvens que complementavam o cenário adornando o céu de uma forma graciosa.
Sentei-me na margem - a ver mover, em vez de me mover eu; a tentar pôr em prática o segredo que descobri para ser feliz.
Neste dia de uma beleza rara, faltava só ter com quem partilhar as vistas, as recordações; faltava ter com quem dividir os olhares antigos das velhinhas que assomavam às portas de ruas estreitas, a recolher o raro sol, e que sorriam a quem sorria para elas; faltava ter a quem mostrar as cores, os prédios renascidos com floreiras nas janelas, a forma rara como a luz se escoa por entre as nuvens, por aqui e não por ali, deixando passar o olhar de um deus que brinca às escondidas com o mundo, transformando em menino por dias como este.
Atrás de mim um restaurante decidiu que a banda sonora para os tons de prata do rio seria António Variações; também ele sofria de inquietude, como o rio - e como eu - e mais uma vez, o acaso adicionou à beleza do dia.
As caves, centenárias, olham para mim do outro lado das águas - turvas, mas enganadoramente brilhantes, como tantas vezes a nossa alma; os barcos repousam.
Continuo sem respostas.
Talvez não seja por acaso.
Tenho, talvez, demasiada poesia dentro de mim; e a vida não é poética.
The indecision lasted for a couple of hours.When I'm restless, I feel a need for continuous movement, one that will keep me from being in the same place; I suppose that the ever changing scenery keeps my mind distracted.So, I thought of travelling, perhaps jumping on a train, going to Valença and back, perhaps Espinho and a walk by the seaside.I got to São Bento and opened the time-schedule like a menu; I hadn't thought of Guimarães, but perhaps it would be a good choice.Chance - or not - decided I was to make a mistake looking at the watch, which made me think I only had a train two hours from then.So I followed, on foot, camera in hand; and perhaps it was the mood I was in, or perhaps it was Chance, once again; but my atention was drawn to things I never noticed before, first one, and then another, things I followed like a trail of clues across the town - a trail of never before seen things, never before seen by me, I, who thought I had the town all figured out.I found myself by the river, and I can't recall another time when Porto was so perfect: the temperature, the light, the colour of the river, the boats, lots of them, lined up along the piers of Gaia, the clouds that complimented the scenery, colouring the sky in a graceful manner.I sat on the bench - watching the movements, instead of moving myself; trying to use the secret I learned to be happy.In this day of such a rare beauty, I lacked only someone with whom to share the sights, the memories; I lacked someone with whom to share the ancient eyes of the old ladies peering through doors on narrow streets, harvesting the rare sun, smiling at those who smiled at them; I lacked someone whom to show the colours, the reborn buildings with flowers on the windows, the exquisite way in which the light pours from among the clouds, through here and not through there, letting through the eyes of a god who plays hide and seek with the world, nothing more than a little boy, in days like these.Behind me, a restaurant decided the soundtrack for the silvery tones of the river was to be António Variações; he too suffered of restlessness, like the river - like myself - and, once again, Chance added to the beauty of the day.The wine cellars, centuries old, looked at me from across the waters - dark, but deceivingly bright, like our soul so often is; the boats rest.I'm still out of answers.Perhaps it's not by Chance.
It could be that I have just too much poetry inside of me; and life...is not poetic.
Wednesday, November 01, 2006
Halloween
The Eve of Hallows.
Esta noite tem um significado diferente em cada religião, mas de alguma forma é comum a todas elas, a todas as crenças, a todas as mitologias.
Para os celtas é a noite da renovação, em que o deus morre e retorna ao caldeirão da Deusa, unindo uma vez mais os dois mundos, o do visível e o do invisível, o dos mortos e o dos vivos, o do dia e o da Noite.
Para mim esta noite representa um nascimento, um casamento, e também uma morte; e contém em si mesma um início e um fim, que lhe estão associados a partir da minha própria vida.
It is life, and Death; the memory of a crow;the ever present sound of the rain; the stars and the three Moons, ever present, ever shining, even when it's Day.
Sona oidhche Shamhna...!